Sábado Santo

23/03/2010 13:36
            Desceu à mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia!

                             

            Jesus penetrou, pois, no escuro umbral da terra da qual ninguém volta jamais. Morreu, verdadeiramente. Este é o mistério de Cristo, que se celebra no Sábado Santo. No “credo”, professamo-lo por estas palavras enigmáticas: “Desceu à mansão dos mortos”.

            Prestamos, hoje em dia, pouca atenção a essa expressão: trata-se de um dogma de fé que permanece na neblina da nossa consciência. Compreende-se por que. A linguagem usada reflete a expressão de um universo que não é nosso. Para os judeus, como também para os gregos pagãos, “morrer” significava desaparecer no “sheol”, no “hadesh”, “no reino dos mortos”. È este, aqui, o sentido de “Mansão dos mortos”. Não é, pois, o lugar dos maus, e sim o reino dos mortos, onde permanecem todos os falecidos, bons e maus. Tinha-se, portanto, uma representação mais ou menos externa de seres-fantasmas e de determinado lugar, onde, aliás, tudo era diferente de nosso mundo: tudo “morto”!

            Celebrando a descida de Cristo sobre a mansão dos mortos, o Sábado Santo também destaca a alegria da libertação de todos os que jaziam sobre as trevas e a felicidade daqueles que viram a luz do Senhor despontar sobre a escuridão em que viviam. “O Cristo visitou-os no cativeiro, trazendo aos ombros a notícia da libertação”. Ao mesmo tempo, é um sábado de vigília, aonde a ansiedade chega a seu clímax, cantando a glória do Senhor, esperando a concretização que se dará no dia seguinte: O Cristo parte o pão com os seus, (quinta-feira santa), dá a vida pelos seus morrendo verdadeiramente (sexta-feira santa), desce à mansão dos mortos e liberta os exilados (sábado-santo), ressuscita ao terceiro dia conforme predito (domingo de páscoa).

            Neste dia cantamos solene a vitória do nosso Deus, bebendo com alegria do manancial da salvação, que é o próprio Jesus.

                              Luz aos cativos, o Senhor visitou-nos na prisão!

                                                 

               A solene missa de Sábado-Santo divide-se em:

CELEBRAÇÃO DA LUZ- inicia-se este rito acendendo o círio num fogo novo, onde o mesmo recebe seus cravos e sua bênção e é entronizado solenemente pelas mãos do sacerdote:

Sacerdote (em três tons crescentes): Eis a luz de Cristo!

Todos (cantando): Demos graças a Deus!

Logo depois, entoa-se a Proclamação da Páscoa, um hino cantado pelo sacerdote proclamando a vitória de Cristo, novo Adão, sobre o pecado e a morte.

LITURGIA DA PALAVRA- Inicia-se então, a liturgia da palavra, com seqüencia de uma leitura, um salmo e uma oração. Ao todo são sete leituras, sete Salmos, mais a epístola aos Romanos e o salmo de Aleluia (118), destacando entra elas algo em comum: todas falam em aliança, promessa e libertação. Destaque-se entre as leituras a do livro do Êxodo (passagem), onde os escravos após libertos caminham à terra prometida guiados pela mão de Deus. Após o sétimo salmo, antes da leitura da carta aos Romanos, canta-se solenemente o Hino de Louvor, acendendo as velas, tochas, descobrindo as imagens e ornando a igreja que a tempos de quaresma, se privou de adornos e alegria para este exato momento, onde é tradição, as luzes de toda a igreja são acesas neste momento. O evangelho (Marcos 16, 1-7), narra a visita de Maria Madalena e Maria, a mãe de Tiago ao túmulo de Jesus para levar perfume e chegando lá o encontraram aberto e depararam-se com o anjo que anunciou-lhes a boa notícia: Ele ressuscitou. Não está aqui. Vede o lugar onde o puseram.

LITURGIA BATISMAL- Em seqüência, celebra-se a liturgia batismal, onde a água do Sábado Santo é abençoada, o círio é mergulhado nas águas, os catecúmenos serão batizados e os demais renovarão suas promessas de batismo. Mergulhados na água do sábado santo, estas pessoas tornar-se-ão novas em meio ao despertar de um novo tempo. O presidente asperge a assembléia após o batismo (se houver) enquanto pode-se entoar “Banhados em Cristo”, ou “Eu vi, eu vi, vi foi água a manar” (CD Tríduo Pascal II).

LITURGIA EUCARISTICA- A Liturgia Eucarística ocorre normalmente como de costume, onde presenciamos o mistério de nossa redenção. Sugere-se o prefácio da Páscoa I (o mistério Pascal). Destaque-e o canto do Santo e sugere-se a Oração Eucarística I.

RITO DA COMUNHÃO- Normalmente. Realizado como de Costume. Devido ao grande número de pessoas nessa celebração, recomenda-se que o abraço de paz seja guardado para o final da celebração. Sugere-se que se cante “Oh cordeiro de Deus... morrestes por causa de nós, foste imolado...”

RITOS FINAIS- Realizado como de costume. Benção solene. Ao final, todos se cumprimentam desejando uma Feliz Páscoa.

            Celebrando a glória de Cristo sobre o pecado e a morte, nesta noite santa, somos convidados jubilosos à maior festa da Igreja- A celebração santa da noite de sábado de Aleluia, e anunciarmos aos demais irmãos, assim como o anjo: Ele ressuscitou como havia dito. Aleluia!       

                                      Junto à Maria Madalena, anunciemos o Deus ressuscitado!