Batismo do Senhor- "O Espírito me ungiu, me consagrou e me enviou..."

01/03/2010 14:42

 Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.

Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. (João 3, 3-5)


   A proposta apresentada por Cristo nesta liturgia do Batismo do Senhor é bem clara: Nós devemos nascer de novo, da água e do espírito. Portanto, a festa trata-se também de uma epifania. Daí vem porque nos batizamos: pois assim como Jesus nasceu de novo nas águas do Jordão, nós também devemos nascer, e o mesmo espírito que sobre ele pousou, pousará também sobre nós, que desde então somos chamados de : CRISTÃOS. Jesus Cristo, o ungido e enviado de Deus, assume a condição humana e não polpa-se de batizar-se, mesmo sendo o messias; imergindo-se na água da vida, mostra-nos que dela nascem novas criaturas, pois através dele podemos ter esta noção do que significa o batismo: renascimento, purificação, imersão; tornar-se templos vivos do Espírito Santo que nos é confiado a partir do batismo. E  nos ilustra também qual o passo seguinte: Pelo batismo somos enviados. Não só devem nascer novos cistãos, como também novos EVANGELIZADORES
  Só há um único batismo, como também um só é Espírito que está dentro de nós batizados. Pois pelo batismo, seguimos o Cristo em sua caminhada, morremos com Cristo para o pecado, e com ele ressuscitamos, pois o pecado de Adã e Eva (O pecado das gerações, sendo nós seus descendentes), nos é retido pelo batismo. É o Espírito do Senhor quem nos unge, nos consagra e nos envia para a missão de ser-mos sacerdotes, profetas e reis.




Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; (Efésios 4, 5-6).
Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. (Colossenses 2,12).

A relação de Jesus com seu Pai no Espírito Santo é a teofania do Batismo. Esta festa encerra o ciclo do Natal. "Buscai o Senhor, enquanto se pode encontrar; invocai-O enquanto está perto" (Is 55, 6).Estas palavras, tiradas da segunda parte do Livro de Isaías, ressoam neste domigo de renascimento. Elas constituem um convite a aprofundar o significado que hoje tem para nós a festa do Batismo do Senhor.
 
O Rio Jordão atento à João Batista, que anunciava a conversão e penitência foi totalmente modificado com a chegada de Cristo, que transformou aquele local em uma manifestação divina da trindade. O Filho que se batiza, o Pai que abençoa o Filho e O Espírito Santo que o unge e envia para a missão. Missão esta, aos 30 anos de Cristo, que o motiva a escolher seu discipulado, pregar a semente do Reino de Deus, curar através da fé, ensinar e morrer por todos aqueles que não fizeram vingar seu batismo.
 
Ouve-se uma voz que provém do céu: "Tu és o Meu Filho muito amado, em Ti pus toda a Minha complacência" (Mc 1, 11), e o Espírito desce sobre Jesus em forma de pomba.

Naquele acontecimento extraordinário João Batista (o batizador) vê realizar-se quanto fora dito a respeito do messias nascido em Belém, adorado pelos pastores e pelos Magos. É precisamente Ele o anunciado pelos Profetas, o Filho predileto do Pai, que devemos procurar enquanto Ele se deixa encontrar, e devemos invocar enquanto está próximo de nós.
Com o Batismo, cada cristão O encontra de modo pessoal: é inserido no mistério da sua morte e da sua ressurreição, e recebe uma vida nova, que é a mesma vida de Deus. Que grande dom e que grande responsabilidade!
A liturgia convida-nos hoje a beber "com alegria água das fontes da salvação" (Is 12, 3); exorta-nos a reviver o nosso Batismo, dando graças por todos os dons recebidos.

A àgua na Bíblia e na Liturgia:

No princípio o Senhor Deus fez o céu a terra e às aguas juntas fez-se mar e um firmamento para separá-las (Gêneses 1,6), Pelas águas do dilúvio nasce uma nova criação, um novo mundo, ao resplandecer o arco-íris (Gêneses 6). Dividiu as águas do mar vermelho para conduzir o povo do Egito à terra prometida, livrando-se das tropas do faraó (Êxodo 15); Mosés toca a rocha e faz brotar água, Israel matando sua sede, põe-se a louvar o Senhor (Números 20,8). Do templo jorra um rio d´água na direção do Oriente (Neemias 3,26), O Cristo é batizado nas águas do Jordão e inicia sua missão de forma oficial (Marcos 1,9), e em sua paixão, do seu peito transpassado por uma lança jorram água e vinho(João 19,34).

Tú és meu filho...
 
Não é só no batismo do Senhor que nós ouvimos esta frase do pai para seu filho, no dia da transfiguração do Senhor o pai fala da mesma fora: "E seis dias depois Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte; e transfigurou-se diante deles; E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi."(Marcos 9, 2;7).
O próprio Jesus deu uma explicação do que lhe aconteceu no batismo no Jordão. Ao voltar, na sinagoga de Nazaré aplicou a si mesmo as palavras de Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim: me consagrou com a unção…». O mesmo termo de unção é utilizado por Pedro na segunda leitura, falando do batismo de Jesus: «Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder».
   Tratava-se de um batismo de penitência, que utilizava o símbolo da água para expressar a purificação do coração e da vida. João, chamado o "Batista", ou seja, o "Batizador", pregava este batismo a Israel para preparar a iminente vinda do Messias; e a todos dizia que depois dele viria outro, maior do que ele, que  batizaria não com a água, mas com o Espírito Santo (cf. Mc 1, 7-8). E eis que quando Jesus foi batizado, após uma pequena insistência com João no Jordão, que se achava indigno de batizar o Messias, o Espírito Santo desceu, pairou sobre Ele na aparência corpórea de uma pomba, e João Batista reconheceu que Ele era Cristo, o "Cordeiro de Deus" que veio para tirar o pecado do mundo (cf.Jo 1, 29)
  Ungí-vos pois da graça de Deus neste dia em que renovareis as promessas do vosso batismo, deixai-vos guiar por sua graçahonrando o Espírito que em vós habita!
  Cuprí pois, a vossa missão evangelizadora, nascei de novo atravésda água e do Espírito, louvando ao Senhor nos vossos atos e ações, pelos dons do Espírito presenteados a vós!
  Sejam firmes e perseverantes na fé professada, tornando-se verdadeiramente sacerdotes, profetas e reis!


Sugestões para a Celebração:

Ladear com velas a pia batismal, e se possível, entronizar o lecionário na liturgia da palavra juntamante com o Círio Pascal (luz e missão) fixando-o na pia. Se houver batismos neste dia, deve ocorrer durante a missa solene e se possível, distribuir velas aos fiéis na hora da renovação das promessas do batismo. Branco, Glória, Prefácio próprio. O presépio já deve estar desmontado desde a segunda após a missa da Epifania do Senhor, destacar a imagem e lembrar na homilia o profeta João Batista, que anunciou e batizou o Messias.