Quaresma- de Domingo a Domingo

01/03/2010 14:44

 Quaresma: é tempo de conversão!

Ano C
            É tempo de preparação para a salvação que o Senhor veio nos oferecer. Penitência, jejum, oração, caridade, abstinência, são marcas deste período.  Contemplando o Cristo no deserto, vencendo suas tentações, sustentando seu jejum, somos convidados também a acompanhá-lo em suas dores e reconciliarmo-nos com Deus. Quarenta dias de reflexão, de abandono e entrega total como o próprio Cristo, por sua compaixão e misericórdia para conosco, vencendo cruzes e tentações de nossas vidas.
 

Passo a passo de como preparar as celebrações da quarta-feira de cinzas ao último domingo da quaresma:
 
Quarta-feira de Cinzas: “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes, e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo” (Joel 2, 12-13). O espaço de celebração deve ser poupado de muitos adornos, tudo deve estar em maior simplicidade, para que se note a ausência de festa e a presença mais constante da oração e do silêncio de espírito. Se possível, na procissão de entrada ou após a saudação inicial, entronizar o cartaz da Cf 2010 (lema: Não podeis servir a Deus e ao dinheiro). Neste dia, omite-se o ato penitencial, que é substituído pela distribuição das cinzas. Não se reza, no período da quaresma, o hino de louvor, não se canta o aleluia nem usam-se flores. Enquanto distribuem-se as cinzas, pode-se entoar: “Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação...” e/ou “Pecador, agora é tempo, de pesar e de temor, serve a Deus...”
 
I Domingo da Quaresma: “O que diz a Escritura? A palavra está perto de ti, em tua boca e em teu coração. Essa palavra é a palavra da fé, que nós pregamos” (Rm 10, 8). Neste domingo, em que Cristo vence as tentações do mal, somos chamados a erguemos também o estandarte da vitória, das cruzes e tentações que mais pesam e nossas vidas. Usar cactos, pedras e espinhos para ornamentar (de forma simples) o ambiente. Cor roxa. Destacar em todo este período o cartaz da Campanha da Fraternidade 2010 (Nunca colar nada no altar), como também lembrar na homilia, a importância do desapego aos bens materiais e o valor da caridade para quem precisa (citar exemplos da comunidade e/ou da região). Destacar também (com panos roxos, pedras e espinhos), o ambão e o lecionário, pois a liturgia deste dia está hoje totalmente voltada às sagradas escrituras- à palavra de Deus. Sugestões: Prefácio- A tentação do Senhor, Oração Eucarística III. Onde houver batismo na Vigília Pascal, o presidente acolhe os candidatos ao batismo, traçando-lhes na fronte o sinal da cruz.
 
II Domingo da Quaresma: “Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas” (Filipenses 3, 21). Contemplando a face gloriosa de Cristo, no qual manifesta, através de sua transfiguração, sua glória à Pedro, João e Tiago, enquanto conversava com Moisés e Elias, deparamos com sua verdadeira identidade: “Este é o meu filho, o escolhido”, pela voz que sai da nuvem. Cor roxa. Esbanjar de luzes neste dia: postar velas no ambão, no altar, no sacrário e em outros lugares de costume, pois a liturgia deste dia é focada em duas palavras: luz e glória. Ainda em ritmo de penitencia e oração, dar ênfase a cada leitura e fazer uma pausa no intervalo de cada uma: “Escutai o que ele diz!”- o dia é totalmente voltado à escuta e meditação à palavra de Deus. Na homilia, lembra que a glória de Cristo passou antes pela cruz, e que uma iniciativa de vitória terá que passar por seus obstáculos. Não há hino de louvor nem aleluia.
 
III Domingo da Quaresma:  Notando neste dia a grande preocupação de Deus para nossa salvação, somos chamados a arrepender-nos em quanto é tempo para com Cristo, tornarmos dignos de habitar a terra santa, o solo sagrado do Reino de Deus. Ainda seguindo o ritmo dos domingos anteriores, este domingo de convite à conversão requere um acolhimento especial aos fiéis e onde for possível, uma equipe de acolhida à porta da Igreja, saúda os que chegam e alertam sobre o convite deste dia a atender ao chamado de Deus respondendo como Moisés: “Eis-me aqui!”.
 
IV Domingo da Quaresma: Domingo da alegria, porém também não há hino de louvor nem aleluia. O clima continua o mesmo: de oração e penitencia. O motivo é a aproximação da salvação na exortação que as leituras deste dia nos trazem. Cor rosa. Este ânimo que se renova na liturgia de hoje e esta esperança que se restaura, seja a nossa força para continuarmos suportando com Cristo as tentações do mal e com ele peregrinarmos em jejum e oração com Deus nestes dias que restam pelo deserto. “Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento.” (Lc 5, 32).Reconciliação e arrependimento, são palavras em destaque na liturgia deste dia. Substituir o ato penitencial pela aspersão, entoando: “Banhados em Cristo, somos uma nova criatura...” Destacar a participação de pessoas especiais, com algum tipo de deficiência, acolhendo-os de modo especial com um canto de boas vindas, como: “É Jesus que acolhe agora o povo de bom coração...” Implorando São Paulo em sua carta aos Coríntios por nossa reconciliação com Deus, pode-se cantar na comunhão: “Reconciliai-vos com Deus”.

V Domingo da Quaresma: “Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto” (João 12, 24). Esta mensagem de conforto nos dada por Cristo neste dia faz-nos consolar-se por nossos irmãos que já faleceram. Neste último domingo da quaresma, Jesus deixa claro, de modo especial neste evangelho, sua missão e indicar de que modo e para quê iria morrer. Deus, apresentado na liturgia de hoje, rico em misericórdia e de compaixão, faz-se amoroso conosco, e aos que esperavam justiça e vingança, um Deus que acolherá e fará um grande banquete, quando o filho pródigo retornar a casa. Todos os conhecerão- do maior ao menor- pois não mais o Senhor se lembrará nossos pecados. Cor roxa. Aos que aproveitaram este período para reconciliação com Deus, tem neste dia a certeza, através das leituras, de que o Senhor acolheu suas súplicas e este agora se torna Teófilo- amigo de Deus. Ladear o ambão com velas e ornamentar com trigos e sementes.
 
            Este tempo de preparação para os dias que se aproximam, guardou-nos das alegrias que nos eram de praxe a cada celebração. Este momento de graça, para os que souberam aproveitá-lo, torna-se agora uma expectativa, uma esperança ainda maior, para contemplar nas próximas liturgias, vivenciando novamente, a glória do Senhor. Que se manifeste aos pobres e abandonados, aos pequenos e simples, esta glória que do céu desceu.
 
                                                                                                                  Josinaldo Alves Filho